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sexta-feira, 12 de março de 2010

VAMOS DE EDSON VIDIGAL

Ócios do Ofício

Ciro acaba de declarar que nunca mais vai querer ser Deputado na vida.

Ele já foi Deputado Estadual duas vezes, no Ceará, por onde se elegeu Deputado Federal nas últimas eleições, com a maior votação do Brasil, em termos proporcionais. Mas antes já foi Prefeito de Fortaleza e Governador do Estado. Está na terceira tentativa para ser Presidente da República.

Como Deputado Federal está entre os que mais acumulam ausências não justificadas, passando a maior parte do tempo com a sua agenda cheia, viajando pelo País fazendo palestras, expondo as suas idéias.

Olha aqui a razão indicada por Ciro Gomes para nunca mais querer ser Deputado. "Não tenho mais paciência para ficar nove horas por dia conversando fiado e não fazendo nada pela vida de ninguém".



Luiz Vicente

Você conhece e convive com umas certas pessoas e pensa que elas são imortais.

Quando a vida inventa distâncias geográficas, um num canto, o outro mais longe, ainda assim, se ela é do bem, nunca passa pela sua cabeça a tenebrosa idéia de que um dia você vai ficar sabendo que ela morreu.

É agora o caso do Luiz Vicente, quero dizer do Cernicchiaro.

Na UnB dos anos 70, sob a reitoria do Azevedo, Landim dirigindo a Faculdade de Direito, eu estudando lá, o que para muitos apaixonados parecia cinza de chumbo, para os que pensavam o Brasil precisando se abrir para a democracia, firmava-se o ambiente arejado para a floração livre das idéias republicanas e democráticas.

Cernicchiaro, então um jovem Juiz no DF, recém chegado de Roma, Itália, onde concluíra um doutorado em Direito Penal, era a atração nos seminários do auditório Dois Candangos e nas salas de aulas.

Não fui seu aluno na graduação, mas desde então colamos um no outro uma amizade.

Depois ele foi meu Professor de Criminologia, na Pós Graduação. Depois fomos colegas no Superior Tribunal de Justiça, onde o sucedi na Presidência da Terceira Seção, especializada em Direito Público.

Ele fazia o julgador tipo prafrentex, eu às vezes mais conservador, às vezes mais à frente. Tivemos mais convergências do que divergências.

Sempre estivemos muito próximos. O seu livro Direito Penal na Constituição o escreveu por sugestão minha para indicá-lo aos meus alunos na UnB.

Recebo agora a notícia que de o Luiz Vicente morreu em Brasília. Já estava com 81 anos de idade. Ele foi um dos que ficaram no STJ até a última hora do último dia da véspera da aposentadoria compulsória.

Teve pouco tempo para viver a vida, que ele a dedicou mais e muito mais aos estudos e ao trabalho.

Eu lhe dizia o que tenho repetido aos meus outros amigos Juízes – isso é trajetória, gente; não pode ser estrada porque estar Juiz até o ultimo dia do prazo não é vida, é renúncia à vida. Muitos dos que saem desse ramo no último dia do prazo saem não sabendo fazer mais nada na vida. Só raciocinam em termos de ementa, relatório e voto.

www.edsonvidigal.com

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